Atualização sobre o Coronavírus: e os cuidados com os profissionais Anestesiologistas

Atualização sobre o Coronavírus: e os cuidados com os profissionais Anestesiologistas

A terapia intensiva surgiu em decorrência da epidemia de Poliomielite em Copenhagen nos anos 50. Pacientes com falência respiratória (paralisia bulbar) foram tratados com suporte ventilatório, implementado pelo anestesiologista dinamarquês Bjorn Aage Ibsen, o que resultou em acentuada redução da mortalidade. A atual pandemia do novo Coronavírus pode sobrecarregar os sistemas de saúde principalmente os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que seriam suficientes para os pacientes mais graves.

Até recentemente, epidemias e pandemias pareciam cenários de filmes, de países distantes e até mesmo ocorrências do passado como a Gripe Espanhola. No entanto, em 2020 a Pandemia do novo Coronavírus é uma realidade em todo o mundo e no Brasil, há centenas de casos confirmados em que os primeiros óbitos registrados em meados de março, três meses após o surgimento da doença COVID-19.

Embora os sinais e sintomas sejam leves e até casos assintomáticos, há um grupo de risco, principalmente idosos, que podem apresentar insuficiência respiratória potencialmente fatais. Exigindo Intubação Oro-traqueal (IOT), ventilação mecânica e cuidados intensivos.

Como se observou na epidemia de SARS no início do século XXI, os anestesiologistas, médicos responsáveis e extremamente capacitados em manejo de via aérea e cuidados intensivos, são protagonistas deste cenário e por serem linhas de frente, as chances do contato destes profissionais é ainda maior com a infecção. Assim, medidas de autoproteção são fundamentais para que os anestesiologistas contribuam ao máximo e reduzam o risco de se contaminarem.

Diretrizes para Autoproteção do Anestesiologista

O novo Cororavírus (COVID-19) é uma doença infecciosa que pode ser transmitida por gotículas e contato direto. Afeta principalmente o sistema respiratório, mas deve ser considerada uma doença sistêmica, ou seja, considera-se potencialmente contaminadas não só as secreções respiratórias, mas outras secreções como a urina e até mesmo suor. Medidas apropriadas de proteção de contato devem ser tomadas por toda a equipe de saúde.

O período de incubação do novo Coronavírus (COVID-19 ou SARS-CoV-2) varia de 4 a 7. O sintoma mais precoce é a febre, outros sintomas incluem tosse e indisposição. Sintomas menos comuns incluem palpitações, cefaleia e diarreia. Enquanto a maioria dos pacientes cursa com formas leves e bom prognóstico, cerca de 15% dos pacientes desenvolvem pneumonia, Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA), comprometimento cardíaco, renal e falência de múltiplos órgãos, geralmente 7 a 10 dias após hospitalização.

Nos pacientes com pneumonia, o achado radiológico mais comum é o padrão “vidro fosco” que são tipicamente são bilaterais e periféricos na Tomografia Computadorizada. As alterações laboratoriais mais típicas são leucopenia e linfopenia.

Caso pacientes suspeitos ou casos confirmados, sem sintomas ou com sintomas leves, tenham que ser submetidos a cirurgias e os anestesiologistas optam pela anestesia geral com IOT para reduzir o risco de tosse. De preferência pré-oxigenação com oxigênio a 100% por 5 minutos e indução em sequência rápida (evitar ventilação manual). Uma das principais recomendações é de que o Rocurônio deve ser usado ao invés da Succnilcolina que é um agente de curta duração (risco de o paciente tossir em intubações prolongadas). Se os pacientes não estiverem entubados, devem usar máscara facial, de preferência N95. Além disso, o anestesiologista deve considerar o uso de anestésicos como a dexmedetomidina, lidocaína ou remifentanil se for optado por extubação, para evitar tosse

Com medidas de proteção a toda equipe interprofissional: na sala cirúrgica deve ser minimizada ao essencial os riscos e todos usarem Equipamentos de Proteção Individual (EPI), principalmente as máscaras N95, proteção ocular, luvas e gorros. Devem-se usar filtros no circuito ventilatório que devem ser trocados a cada 3 ou 4 horas. Após a cirurgia, a sala cirúrgica e o aparelho de anestesia devem ser completamente limpos. Deve-se prestar bastante atenção em objetos pessoais como celulares e canetas e desinfetá-los com soluções adequadas.

Conforme a pandemia avançar no país, é bem provável que os anestesiologistas tornem-se cada vez mais envolvidos e expostos: seja na triagem, nas salas de emergência, no centro cirúrgico e nas UTIs. Como foi descrito anteriormente, manejo de vias aéreas e ventilação mecânica podem ser fundamentais.

Referências Bibliográficas

Anesthesiology: Covid-19 Infection – Implications for Perioperative and Critical Care Physicians

Miller’s Anesthesia, 9th edition

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