Entrega de dados para a anestesia de valor: pacientes com Diabetes Mellitus

Entrega de dados para a anestesia de valor: pacientes com Diabetes Mellitus

Sistemas de Gerenciamento Informatizado em Anestesiologia (AIMS, do inglês Anesthesia Information Management System), são mais do que registros digitais de procedimentos anestésicos. Envolvem sofisticadas soluções informatizadas integradas aos diversos prontuários eletrônicos hospitalares. Neste contexto, permitem não só documentar todo o período perioperatório, para aprimorar a qualidade da assistência e segurança do paciente, mas também de otimizar processos administrativos (controle de gastos e faturamento, por exemplo), sem contar a análise de dados que podem ser usados tanto internamente nas instituições para estudar e aprimorar resultados, quanto em pesquisas clínicas e projetos colaborativos envolvendo diversas Instituições de saúde

Vale ressaltar que os AIMS se estenderam para todo o período perioperatório, ou seja, da Avaliação Pré-Anestésica à Recuperação Pós-Anestésica sendo que durante todas essas fases o profissional anestesiologista pode receber notificações ou alertas que possibilitem aprimorar a qualidade da assistência.

Um estudo demonstrou como estes sistemas podem fazer isso e foi comprovado estatisticamente a redução de índices de morbidade, mais especificamente em pacientes diabéticos submetidos a procedimentos cirúrgicos.

A avaliação e manejo perioperatório de pacientes diabéticos são tarefas desafiadoras para os anestesiologistas, já que estes pacientes possuem taxas de morbimortalidade perioperatória superiores aos pacientes não diabéticos. Além da alta prevalência, muitos pacientes são encaminhados para cirurgia sem o diagnóstico. Assim, apresentam maiores complicações e índice aumentado de mortalidade perioperatória do que os pacientes diabéticos com diagnóstico prévio.

Alguns protocolos recomendam medidas para manter a normoglicemia com estratégias para evitar jejum prolongado, sendo a glicemia mensurada.

Baseado nessas premissas, Ehrenfeld e colaboradores. criaram sistemas automáticos para identificar pacientes diabéticos, detectar administração de insulina, checar as medidas recentes de glicemia e notificar os anestesiologistas para medirem glicemia durante o intraoperatório.

Os autores analisaram mais 15 mil casos sendo que a monitorização da glicemia intraoperatória aumentou de 61,6 para 87,3% após a intervenção, havendo aumento da administração intraoperatória de insulina. As taxas de hiperglicemia na sala de recuperação pós anestésica (glicemia acima de 250 md/dL na admissão) diminuíram de 11 para 7,2%, enquanto as taxas de hipoglicemia (valores abaixo de 75) não tiveram diferença estatística. Houve também diminuição relevante das taxas de infecção de sítio cirúrgico.

Com base no que foi descrito fica evidente que os anestesiologistas devem aprimorar constantemente os cuidados perioperatórios e sistemas de gerenciamento de informações auxiliando enormemente neste processo. Vale ressaltar que estes sistemas são continuamente aprimorados em termos de interface do usuário, portabilidade e funcionalidade.

A tendência ao futuro é que sejam cada vez mais adotados à prática, viabilizando a captura e análise de diversos dados que permitirão melhorias constantes de qualidade e performance.

Referências:

1 J.P.J Pontes, F.F. Mendes, et al; Avaliação e manejo perioperatório de pacientes com diabetes melito. Um desafio para o anestesiologista. Revista Brasileira de Anestesiologia 2018; 68 (1): 75-86.

2 Jesse M. Ehrenfeld, Jonathan P. Wanderer, Maxim Terekhov, Brian S. Rothman, Warren S. Sandberg; A Perioperative Systems Design to Improve Intraoperative Glucose Monitoring Is Associated with a Reduction in Surgical Site Infections in a Diabetic Patient Population. Anesthesiology 2017;126(3):431-440. doi: https://doi.org/10.1097/ALN.0000000000001516.   

3 Allan F. Simpao, Mohamed A. Rehman; Anesthesia Information Management Systems. Anesthesia & Analgesia 2018;127(1): 90-94.

plugins premium WordPress