Entre 24 e 30 de abril comemoramos a 19ª Semana de Vacinação nas Américas. Celebrada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e seus parceiros sob o lema “As vacinas nos aproximam”. A campanha tem o objetivo de mostrar como a vacinação conecta as pessoas, ajudando a melhorar a saúde de todos, em todos os lugares, ao longo da vida.
Aqui no Brasil, a história da vacinação começa em 1804, quando o Marquês de Barbacena chega com a vacina de varíola no país e começa as aplicações. Com o intuito de combater a varíola, em 1837 ela se tornou obrigatória para crianças, e, em 1846, para adultos.
Em 1903, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral de Saúde Pública no país, com o objetivo de erradicar a febre amarela no Rio de Janeiro. Assim surgiu o primeiro modelo assistencial de saúde no Brasil, o Modelo Sanitarista, que perdura até hoje com as campanhas anuais de vacinação.
No ano seguinte, devido a uma grande incidência de varíola, o médico tentou promover a vacinação da população de maneira autoritária, fazendo com que ocorresse a chamada Revolta da Vacina, que ia contra as medidas de obrigatoriedade de vacinação. Por conta disso, a erradicação da Varíola no Brasil somente foi registrada em 1971, após a retomada de campanhas de conscientização em prol da vacinação.
Em 1973, o Programa Nacional de Imunização (PNI) foi formulado pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações no combate ao controle e erradicação de doenças. O PNI ainda hoje se destaca entre os melhores programas de imunização do mundo, oferecendo gratuitamente a população brasileira mais de 300 milhões de doses anuais, sendo 43 tipos diferentes de imunobiológicos: 26 vacinas, 13 soros heterólogos (imunoglobulinas animais) e quatro soros homólogos (imunoglobulinas humanas).
Atualmente, o Calendário Básico de Vacinação é constituído por 19 vacinas recomendadas à população, desde o nascimento até a terceira idade e distribuídas gratuitamente nos postos de vacinação, tendo a vacina contra o covid-19 disponibilizado mais recentemente a toda população.
Na atual situação em que vivemos, o desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura para prevenir as infecções pelo covid-19 foi a principal solução capaz de deter o avanço da doença pelo mundo. Felizmente, os avanços na ciência, tecnologia de vacinas e estudos imunológicos permitiram o rápido desenvolvimento da vacina contra o covid-19. Cerca de 12 meses depois desde o surgimento dos primeiros casos, a vacinação contra o coronavírus teve início em diversos países no mundo.
Estima-se que há cerca de 230 propostas vacinais em desenvolvimento no mundo, algumas em fase de teste e aprovação e algumas já em fase de aplicação, tais como:
- CoronaVac, do laboratório Sinovac;
- ChAdOx1, desenvolvida pelos laboratórios de Oxford e AstraZeneca;
- Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya;
- Moderna mRNA – 1273, desenvolvida pela Moderna Therapeutics;
- Ad26.COV2.S, elaborada pela Janssen-Cilag, a empresa farmacêutica da Johnson & Johnson;
- BNT162b2, desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer e BioNTech.
No Brasil, até abril de 2021, duas vacinas contra a covid-19 estão sendo aplicadas: a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no país pelo Instituto Butantan e a vacina de Oxford, elaborada pela universidade britânica em parceria com a companhia farmacêutica AstraZeneca e fabricada no país pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Ambas as vacinas dependem de insumos vindos de fora ou da transferência de tecnologia para que a produção possa ocorrer no país, portanto, o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19 100% brasileiras é essencial para o Brasil ter autonomia vacinal e independência de insumos, gerando menor custo de produção e consequentemente, acelerando a produção e aplicação de vacinas no país.
No momento, há 17 projetos de vacinas brasileiras que estão em fase de estudos e testes. Entre as mais avançadas estão:
- Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan;
- Versamune, desenvolvida pela USP (Universidade de São Paulo) em parceria com a startup paulista Farmacore e a empresa norte-americana PDS Biotechnology;
- Spintec, desenvolvidas pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com participação do Instituto René Rachou, da Fiocruz-Minas;
Além das citadas anteriormente, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão desenvolvendo as suas próprias vacinas, que no momento encontram-se em fases pré-clínicas. A previsão é que, se tudo ocorrer bem com os testes e se as Instituições conseguirem apoio financeiro governamental necessário para seu desenvolvimento, as vacinas brasileiras sejam disponibilizadas em 2022 para toda a população brasileira.
Mais informações sobre as vacinas brasileiras aqui.

Linha do tempo – História da Vacina no Brasil:
- 1796: Edward Jenner, médico inglês, cria a primeira vacina contra a varíola;
- 1804: Marquês de Barbacena chega com a vacina de varíola no país e começa as aplicações;
- 1837: A vacinação contra a varíola torna-se obrigatória para crianças e em 1846 para adultos;
- 1904: Ocorre a chamada Revolta da Vacina, que ia contra as medidas impostas por Oswaldo Cruz sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola;
- 1971: Erradicação dos casos de varíola no Brasil, fruto do êxito das campanhas de vacinação ao decorrer dos anos;
- 1973: Criação do Programa Nacional de Imunização (PNI) e do Calendário Básico de Vacinação;
- 1994: Erradicação do vírus da poliomielite no Brasil;
- 2000: Eliminação da circulação do vírus autóctone do sarampo;
- 2009: Eliminação da circulação do vírus da rubéola;
- 2021: Início da vacinação contra o Covid-19 no Brasil