Segundo uma publicação da Sociedade Americana de Epidemiologia em Saúde Pública¹ (SHEA), se os anestesistas utilizassem como padrão para a higienização das suas mãos na Sala de Cirurgia os “Cinco momentos para a Higiene das Mãos” da OMS², teriam que higienizar as suas mãos até 54 vezes por hora, o que seria simplesmente inviável.
Para conseguir conciliar a prática diária ao ideal sugerido pela OMS, a SHEA faz uma série de recomendações para prevenir infecções relacionadas com a Área de Trabalho da Anestesia na Sala Cirúrgica, das quais gostaríamos de ressaltar as que se aplicam direta e exclusivamente ao anestesista.
1.Além do uso compulsório do dispensador de Álcool Gel fixo nas entradas e saídas da Sala Cirúrgica, a SHEA recomenda a utilização sistemática e frequente de Álcool Gel portátil, o que aumenta em 8 vezes a frequência de higienização de mãos durante o ato cirúrgico-anestésico. Se somarmos a esta estratégia algum mecanismo de lembrete adicional em forma de alarmes periódicos cada 5 minutos, seja do próprio dispensador, ou na tela do dispositivo de registro digital de anestesia, a frequência poderia chegar a ser 10 vezes maior.
2. A utilização de dois pares de luvas para a manipulação das vias aéreas e posterior retirada imediata do par externo é prática habitual entre anestesistas dos EUA. A novidade recomendada seria a higienização do par interno com Álcool Gel até que este também possa ser trocado. Esta última opção não é a melhor recomendação com certeza, mas a SHEA sugere, baseada em evidências, que seria muito melhor que a prática atual de manter as luvas internas sem higienização, nem troca ou permanecer sem luvas.
3. Outro elemento importante a se levar em conta é a necessidade da higienização constante das telas dos dispositivos móveis que utilizamos na Sala de Cirurgia. Em vários estudos realizados se evidenciou que as superfícies dos telefones, tablets, teclados, mouses, etc. são fontes habituais de microrganismos comensais e patogênicos dentro das Salas de Cirurgia.
Nota-se que a recomendação não é não utilizar dispositivos móveis nas sala cirúrgica, até porque atualmente praticamente todos os monitores multiparâmetros já saem de fábrica com telas touchscreen, mas sim o hábito de também higienizar essas telas além das mãos.
O cuidado principal é higienizar as mãos. É isso que impacta a segurança do paciente cirúrgico.
Apesar da frequêcia recomendada pela OMS ser muito alta o seu método ainda é o mais aconselhavel. Aproveite também e faça o download das recomendações da Organização Mundial da Saúde, para lavagem de mãos, no box abaixo, imprima ou guarde em seu smartphone para referência futura no momento da higienização de mãos.
1- Munoz-Price LS, Bowdle A, Johnston BL, Bearman G, Camins BC, Dellinger EP, Geisz-Everson MA, Holzmann-Pazgal G, Murthy R, Pegues D, Prielipp RC, Rubin ZA, Schaffzin J, Yokoe D, Birnbach DJ. Infection prevention in the operating room anesthesia work area. Infect Control Hosp Epidemiol. 2018 Dec 11:1-17
2- Five moments for hand hygiene. (pocket leaflet) https://www.who.int/gpsc/tools/Pocket-Leaflet.pdf?ua=1